A Vida é de Business

“Não há homem maduro que não tenha tido a coragem de suportar-se a si mesmo e de encontrar-se com sua própria verdade.” Anselm Grün

“Teu entulho seja teu pedagogo”
Doróteo de Gaza

Certa vez, havia um homem que saiu do seu próprio país e se dirigiu para o mundo conhecido como Terra dos Tolos. Logo ele avistou um grupo de pessoas que fugiam de um campo onde tinham procurado colher trigo. “Existe um monstro naquele campo”, disseram-lhe elas. Ele olhou para lá e viu que se tratava de uma melancia. Ofereceu-se para matar o “monstro” para elas. Quando acabou de cortar a melancia do caule, pegou uma fatia da mesma e pôs-se a comê-la. As pessoas ficaram ainda mais assustadas com ele do que com a própria melancia. Enxotaram-no do lugar com forcados, aos gritos: “Ele nos matará em seguida, se não nos livrarmos dele”. Aconteceu que, em outra ocasião, outro homem também saiu de sua terra e foi para a Terra dos Tolos, e a mesma coisa começou a acontecer com ele. Mas, em lugar de se oferecer para ajudar aquelas pessoas a matar o “monstro”, ele concordou com os Tolos no sentido de que devia mesmo ser perigoso, e, afastando-se sorrateiramente dele
junto com aquelas pessoas, conquistou a sua confiança. Passou um longo tempo junto delas, em suas casas, até poder ensinar-lhes, pouco a pouco, os fatos fundamentais que os habilitariam não só a perderem o medo das melancias, mas até mesmo a cultivá-las para
si mesmas (NOUWEN, 1998, p. 102-103).

Os ‘sapos’ estão por aí se escondendo das 'melancias'?

Pois é, às vezes sinto que meu ‘sapo’ (minha sombra) parece um parente bem próximo dos habitantes da “Terra dos Tolos”, tem medo das ‘melancias’ (problemas, desafios).

Quantas vezes o ‘sapo’ enfrenta ‘melancias’?

Talvez nem mesmo queira enfrentar. Acontece que é preciso enfrentar. Então, olhar com cuidado para a realidade do 'sapo' e enfrentar 'melancias' pode nos fazer melhor. Afinal, todos nós precisamos de uma boa dose de desafios para seguir em frente e amadurecer, não é mesmo?

Sem desafio a pessoa acaba por entrar em contato com uma realidade vazia, de sentido e função. Viktor Frankl acreditava que o ser humano precisa de certa dose de tensão para que possa se desenvolver. Assim, enfrentar um problema não é o mesmo que confrontá-lo e sim encontrá-lo, valorizá-lo de forma real, nem demais, nem de menos. A narrativa acima exemplifica e figura a questão do cuidado adequado diante de uma realidade “hostil” e “dolorosa”, diante dos desafios, das ‘melancias’.

Lembram que a morte do ‘sapo’ impossibilitou o crescimento da criancinha?

O ‘sapo’ tem medo de ‘melancias’, mas não deixa de apresentá-las a nós. ‘Melancias’ são um desafio para os ‘sapos’.

Vamos lá! Ajudar nosso ‘sapo’ e ensiná-lo a alimentar-se de ‘melancias’, pode deixar um gosto doce no final... Que sajamos como o segundo homem da narrativa! Boa sorte 'sapos' de plantão... e, não exagerem com as 'melancias'.

Abraço,
Danuta Homann

Próximo Post: A Vida é de Business inicia sua jornada. Você não pode perder!

"Deixa que a aventura de ser gente te evolva
Prepara o que serás no que és
Não prenda os teus olhos nos olhares que te acusam
Esquece a voz que te condenou".
Pe. Fábio de Melo


"Era uma vez uma criancinha que todas as tardes recebia da mãe uma tigelinha com leite e flocos, e sentava-se no quintal para fazer a refeição. Quando, porém, começava a comer, o sapo da casa esgueirava-se para fora de uma fenda no muro, enfiava a cabecinha no leite e comia junto com ela. A criança sentia muito prazer com isso, e quando se sentava ali e o sapo demorava a chegar, ela o chamava assim:



Sapo, sapo, venha depressa Venha para cá, sua coisinha pequena Venha comer seus flocos E saborear o leite


Então o sapo vinha correndo e se deleitava. Mostrava-se também muito grato, pois trazia diversas coisas bonitas de seu tesouro secreto, pedras brilhantes, pérolas e brinquedinhos dourados. Mas o sapo bebia apenas o leite, e deixava os flocos. Então uma vez a criança pegou sua colherzinha, bateu de leve com ela na cabeça do sapo e disse: ‘Sua coisa, coma também os flocos’. A mãe, que estava na cozinha, ouviu que a criança falava com alguém, e quando viu que a filha batia no sapo com a colherzinha, correu para fora com um pedaço de pau e matou o bom animal. Dali em diante operou-se uma transformação. Enquanto o sapo participava de sua refeição, a criança tornava-se grande e forte, mas agora ela perdera suas faces coradas e emagrecia. Não se passou muito tempo para que o pássaro da morte começasse a emitir seu grito à noite, e o pintarroxo a coletar gravetos e folhas para fazer uma coroa; logo depois a criança foi levada embora num caixão" (GRÜN, 2004, p.8-9).


Esta triste história ilustra bem o que este blog pretende.
Cada um carrega em si um sapo escondido nas fendas do muro. Este [o sapo] é semelhante ao lado escuro e sombrio da vida interior. Não se deve matar o sapo, é preciso lhe oferecer o leite. Quando se mata o sapo, junto se deixa esvair toda possibilidade de provar da riqueza escondida atrás das fendas do muro, aquela que o próprio sapo trará à luz como forma de expressar sua gratidão. Muitos matam seu sapo por vergonha de serem vistos com um animal tão horrível.


Em outras palavras, a sombra não deve ser extinta, mas antes de tudo deve ser cuidada e conhecida. Muitas vezes tenta-se 'matar' a sombra, ofuscá-la, por vergonha daquilo que ela revela.


Aos poucos vivo e percebo que quanto mais tento esconder meu 'sapo' mais ele aparece e me mata de vergonha. É melhor não escondê-lo, assim suas manifestações se tornam mais controláveis, porém não menos vergonhosas.
E, vale a pena lembrar: a sombra só existe graças à luz, o escuro só é intenso quando a luz já nos fez enxergar, de tal modo, procuremos sempre a luz escondida em nossa sombra. Nosso 'sapo', nossa sombra nos faz ser quem somos, e cuidar de si também significa conhecer-se em meio aos defeitos e dons.


É imprescindível conhecer a própria sombra, pois quem a conhece consegue lidar melhor consigo mesmo e não projeta, inconscientemente, no outro seus lados sombrios (GRÜN, 2004). Conhecê-la permite que a pessoa se questione a respeito das reais motivações interiores, deste modo as ações tornam-se melhores, visto que podem partir de um princípio conhecido – as motivações. Também, ao perceber a própria sombra a pessoa pode tornar-se benevolente em relação aos outros, pois percebe que antes de julgar o outro é preciso dar cabo de si mesma. Assim, pode agir com justiça e generosidade, pois conhece o ‘sapo’ que mora nas fendas de seu muro e percebe que não é possível julgar o ‘sapo’ alheio. Para toda pessoa que pretende estar ao lado de outras pessoas e oferecer ajuda, é de suma importância ter esta realidade em mente e de forma clara, a fim de que possa estar para o outro de maneira plena, sincera e verdadeira.


No próximo post as 'melancias'.


Abraços,
Danuta Homann

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"A Vida é de Business" pretende ser um Blog de Contos, Encontros, Desencontros, Cantos, Encantos, Crônicas, Tônicas... Vida a personagem principal mora em Business um lugar frenético e desigual... Acompanhe as histórias desta personagem... Participe... Comente... Conte suas histórias... Seja bem-vindo!!!

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Angústias e anseios. Sonhos e desejos. Escrever. Ler. Reler. Cantar. Chorar. Calar. Sorrir. Falar. Meu trabalho: viver! Fraquezas, tenho muitas. Força, Dom reconstruir-me. Dores, feridas, alegrias, poesias, Curadas no olhar de cada pessoa que amo. Eternizadas em cada pessoa que marco. Sou e sonho ser. Realizo-me no muito por realizar. Inquietudes nascem, E eu escrevo. Sou contradição, sou incoerência. Sou eu mesma! Meu anseio? Viver minhas potencialidades, Ser ato, essência. Sou pêndulo: De um lado a outro, Busco o centro, Mas o meu lugar perpassa o centro e não pode parar lá. Quer ser coerência. E não o contrário. Não posso nem um e nem outro. É preciso saber que serei Tanto a coerência quanto a incoerência. Tão somente: contrários! Esta será minha realidade. Esta é minha realidade. Só poderei ser assim: Eu e minha contradição.

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